De repente
De repente
De repente um olhar meu partiu à descoberta do outro
E não é que o descobriu pousado no seu num amor louco?
Já se tinham enamorado antes mesmo do quente coração
Foram semente de um fado que já os unia docemente na imaginação
De repente um olhar teu se vestiu com a cor angelical
do céu
Num azul celestial inocente beijou de amor o carente meu
Olhos nos olhos nos encontramos e simultaneamente nos perdemos
Nas entrelinhas nos amamos e docemente nos surpreendemos
De repente tudo muda com a chave do olhar que abre a porta da ternura
Retiram-se as trancas de um coração ferido em profundidade e alma pura
Abrem-se janelas às correntes de ar para deixar entrar os ventos da paixão
Florescem as sementes dos sentimentos no jardim dos olhos em floração
De repente o meu olhar é lua nova de tão perdida e cega
É estrela cadente caída que por mim passa e me carrega
É alvorada a raiar quente com o seu astro ao centro
Com um brilho a espelhar o sentimento que vive alegre cá dentro
Luísa Rafael
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Porto, Portugal