POEMA SEM NOME
E se em mim tudo desaparecer
meu nome
meu rosto
minha história?
E se não mais souber quem sou
de onde vim
o que fiz
para onde vou?
E se em mim somente habitar
um branco mais branco que este branco
em que escrevo sobre minha inimaginável
e repentina suposta amnésia?
Será que eu bebi
cai da escada
sofri um acidente
ou bati com a cabeça
em alguma parede da realidade?
Como será não ter passado
não saber de nada
não reconhecer meus pais
e nem a mim mesmo nos velhos retratos?
Que farei agora
depois que tudo me foi embora
neste corpo velho no espelho
cujo dono desconheço
como se chama
seu apelido
seu CPF
sua identidade
e seu endereço?
Talvez desaparecer em mim
seja uma forma de continuar a viver
carregando comigo pelo infinito
um oco profundo na alma
e uma completa esvaziada memória
Talvez morrer não seja acabar
mas deitar sobre si e se esquecer