(p/A. Andrade, cardiologista)             

 

Esses versos que correm pela grama,

feito agonia, temporal.

Letras, palavras, o que tenho,

o que sou.

Um médico conversa comigo

a possibilidade de aprofundar exames.

É amigo, mas, sinceramente não ligo.

Enxergo o exato momento

que desgarrei de quem amo.

E sei quase tudo sobre mim

ou talvez, nada...

Sou um despropósito absurdo

e atemporal, fora do universo.

O manifesto de Marx,

que não o glorificou em vida,

sequer, pós morte.

Nem no inferno que habita.

Pois, a humanidade

continua escrava,

da ilusão que orbita.

 

Cabo Frio, 03.06.23