VINGANDO
A vingança é prato cheio,
que tonteia, coalha, embaralha
feito vendaval louco.
Tem mãos secas, nervuradas e aflitas,
vão atrás do poente assobiando marchas de guerra,
nunca cessam sua sede, seu torpor, seu desmatar.
Vingança é gás cruel,
que permeia nosso ar feito Deus de festim,
com o tempo debatendo no seu ventre,
com a alma num purgatório sem fim.
A vingança esmaga sonhos, destitui o querer-bem,
tem cor amarga, andar fétido,
acaba com mundos, dilacera chãos,
então num dado momento se cansa,
vira do avesso e revela a nova face,
que conhecemos como perdão.