Refúgio
Vasculho o âmbito de minhas lembranças
e cogito as fantasias que habitam a minha memória
enclausurando-as a salvo de relembranças.
Avessa ao ócio navego nas ondas do pensamento
por oceanos agitados, por vastas esferas e
tudo parece vago ao meu espírito e cismarento.
Desejo o horizonte alcançar e tento me aproximar,
percebo não ser o bastante, pois os sonhos dissipam-se
por entre fios de esperança, e eu não os consigo alcançar
Viro-me pelo avesso e embrenho-me no meu infinito.
Prevejo um eu dividido, um eu triturado por labaredas
elétricas de um fogo abstrato que me geram conflito.
Nos instantes extremos eu tento afugentar a dor
o medo, as angústias, as dúvidas, as meias verdades...
e no contratempo do entretempo me refaço e afugento o pavor.
Umbelina Marçal Gadelha