Tauari
Jaz o tauari gigante,
dos rios a montante,
em meio a tantos vultos
carbonizados, insepultos.
Monumento de uma floresta,
da qual apenas cinza resta,
de muitos devas foi abrigo,
um grande e fiel amigo.
A madeira sagrada
fatalmente violada,
uma essência especial
do mundo espiritual.
Em séculos de vida,
muita cena foi assistida
das alturas da sua copa
cheia de vida em volta.
Um verdadeiro arquivo
enquanto ainda era vivo;
não bastasse ser decepado,
ainda pelo fogo queimado.
Herança de um povo
extinto no mundo novo,
carente de inocência
e pleno em demência.
A vida efêmera e dramática,
de uma humanidade errática,
que exclui os recantos de paz
onde a natureza se compraz.
Homens de má sina
tramam na surdina
o fim do planeta vivo
em suicídio coletivo.
Brasília, 08 de dezembro de 2007
Poema para um magnífico exemplar de tauari (Couratari guianensis), de trinta metros de altura, abatido e queimado em uma Floresta Nacional no sul do estado do Amazonas.
O Tauari é conhecido no exterior como "carvalho brasileiro" devido às suas qualidades semelhantes ao carvalho europeu. Tauari, ou tawari, também designa uma tribo indígena que habitava a margem direita do rio Embira, no Acre, e que foi extinta.