maré da falta

sou presenteada com a falta

perscruto os labirintos

passeio entre doce-amargo

varro as cores decifrando ausências

olhos que se reconhecem

olhos que se desviam

te leio – no ato

te ouço – perco o significado

entre as ondulações físicas suspensas

posso enxergar a melodia do seu riso

as conexões invisíveis

sua arte estampada – me reflito

a mansidão implícita das minhas águas

a intensidade do teu mar

e as intempéries da existência

cruzam os nossos caminhos horizontais

em rara intersecção

trago-te em minhas ondas

flutuo em seus fios

regozijo no tempo a beleza do pertencer

abraço o balanço da incerteza

me entrego

tremo – me abstraio

retorno, preencho-me completamente de ânsia

prolongo os contatos sutis e efêmeros e doces

releio e remonto os passos incertos no escuro

e no preamar dos meus pensamentos repouso

junto os vazios em meu peito cansado

e quinze vazios são

em meu coração

Suzane S Ângelo
Enviado por Suzane S Ângelo em 02/06/2023
Código do texto: T7803352
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