MARVADA CACHAÇA

Perco não perco, ando não paro, separo disparo,

Corro confuso, difuso obscuro, à luz ao escuro,

Vejo revejo, leio releio, choro resmungo, passo embaraço,

Chamo me caço, rechaço refaço, me acho despacho,

Me amo e odeio, me olho me escondo, impuro sou puro.

Falo comparo, minto gracejo, no espelho bocejo, pareço um fedelho,

Grito me calo, bato me ataco, sonho combato, meu Deus que repente!

Saio não volto, chego não vejo, sinto sorrio, reclamo aconselho,

Confesso atravesso, sigo tropeço, me coço inteiro: foi só um cutelho,

Me atraso, não danço, me irrito é castigo, sou mesmo um excrescente.

Já sei vou me embora, rodar mundo afora, viver das amoras,

Fumar a canabis, lançar meus perfumes, tomar uns rebites,

Feliz eu vou ser, coragem vou ter, eu quero viver, não vejo mais horas,

Abraçar os algozes, festar com os insanos, beijar as senhoras,

Cantar umas modas, contar anedotas, passar dos limites.

Mas agora na ressaca, constrangido, arrependido, até mesmo combalido,

Era branca como água, não foi dela que tomei. Puxa-vida que manguaça!

Fiquei todo decidido, parecendo um destemido, me achando um atrevido,

Pois agora eu te digo, mal dormido e introvertido, me achando corrompido,

Descobri uma dita cuja que já quero esquecer: é a marvada da cachaça!

GBertolucciJr.

#gbertoluccijr

GBertolucciJr
Enviado por GBertolucciJr em 01/06/2023
Código do texto: T7802469
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.