Tentativa de Fuga
Depois de terminar a escultura,
Percebeu o que esculpira
Dando na madeira forma à própria ira.
O que foi parte de uma árvore, estava a sua altura.
Foi um processo de horas
No qual experimentou de humor melhoras.
As caídas lágrimas marcaram o chão como cera,
Deixando o estúdio como nunca o fizera.
Assim como a árvore, perdera-se da natureza.
Não houve como reter a própria beleza.
A solidão do estúdio transformara sua arte em tristeza.
A dor do processo não permitira fuga.
Sua testa virou um monte de ruga,
Marcada por cada talho sobre o material,
Enquanto fugia do seu lado animal.
Pelas horas de trabalho exausta, recaiu sobre a cadeira.
Ela própria outra peça de madeira,
Criada num momento de paz
No dia em que fora mais capaz
A ponto de criar algo útil.
Sempre fugiu de seu lado fútil
Tentando criar.
Muitas vezes, fez isso a orar,
Tentando um estado elevado alcançar...
Mas esbarrava naquilo que era,
Várias tentativas, mas trazia em si uma fera.
Tentava dar de si mais que pudera.
Ficava atada da qual nunca fugiu a fera.