Fúria Desmedida
É do tempo de ontem que me sinto assim:
perdida e desnorteada, tal qual gazela desengonçada e confusa
sem saber pra que lado do campo partir.
Mas e quem disse que desejo ir?
Sou mulher de ficar e não desistir da luta.
Ergo uma espada como quem carrega uma flor
e me desdobro em fúria pra defender o que é meu.
Resta saber o que de fato é coisa minha.
Contabilizo meus tesouros, mas me falta matemática pra somar – só sei diminuir -.
É coisa da vida que me fez
sem eu saber o vernáculo dos números por inteiro.
No ontem descobri (outra vez)
que ela é feita de perdas (dela mesma, de vidas)
e que delas eu vejo (da morte)
e nelas me encontro e me acho (ao lado dela).
- Não sei, não sei...
- Mas, acho que sim:
nessa dor, nessa perda...
me perdi até de mim...