Atitude Estranha
Buscando o céu com os pés no chão,
Ele, como a árvore, adora o trovão.
Surgido da nuvem. Submerso nas águas.
O coração do trovador só pensa em anáguas.
Poeta
E, das palavras, atleta,
Salta distância entre hiatos,
Brinca de salto em hipérboles,
Mergulha em períodos compostos
Sem maiores esforços.
Poeta do chão, artista da altura,
Confundido por sua musa com qualquer figura.
Desdenhado e não desenhado,
Perdeu-se num pó de punhado.
Poeta, morto de medo.
Nem mesmo levanta o dedo
Para se mostrar presente,
Como garoto saliente,
No momento da chamada.
Vendo o movimento da amada,
Perde as palavras, mudo.
Deixa de compor música para o entrudo,
Para acompanhar um camarada.
Árvore, com pés na terra,
Busca o céu acima da serra,
Jogando galhos ao alto.
Mortal dá um salto,
Buscando a eternidade.
Busca e busca sem parar.
Lágrima até saí do olhar
Que acompanha
Do poeta a atitude estranha.