Condenação Amorosa
Criada para voar, suar arte fazia-a planar.
Soltava dos montes, sobrevoando pontes.
Pairava pelos vales, sua sombra destruindo os males.
Ave “Maria”, senhora das alturas.
Ave “Maria”, várias sensações doadas em misturas.
Sombra nos vales, ponto pequeno no céu.
Senhora de Versalhes, poeta condenado e réu.
Ela, nas copas altas, rasgava o céu da floresta.
Ela, da janela, peralta, passava até pela fresta.
Nada a parava. Nada a ela se igualava.
Artista das linhas, cruzadas em jogo da velha.
Artista dos traços, pincel molhado em groselha.
Suas telas nasciam do vento.
Imitar a ave mágica ainda tento,
Toda vez que passo sobre o convento
Para aprender a voar.
Trago-lhe arranjo de flores.
Prometo-lhe todos os amores,
Para com ela voar.
E, quem sabe, até
Ganhar altura sobre o altar.
Ave no céu, angústia no peito do réu,
Condenado a amar.