Passo a passo
Passo a passo
Passo a passo em pontas dos pés nos soalhos
Rangendo nas fissuras cosendo os retalhos
Sou a noite das luas com mistérios inconfessáveis
Um sopro de brisas puras de segredos inquebráveis
Sou os enredos que prevejo nas sombras em espelho
A boca calada de desejo que se adivinha no batom vermelho
A paixão que caminha sem que ninguém dê por ela
O olhar que não vê pelo cortinado sua própria janela
Sou o perfume impregnado de mim e que por lá fica
A rosa cortada de jardim de todas a mais bonita
A paz em essência como se nada à volta existisse
A transparência do vento quente que passou e nada disse
Sou simplesmente o silêncio eloquente do que sou
Naturalmente ninguém sabe para onde em liberdade vou
Luísa Rafael
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Porto, Portugal