O Astronauta

Do espaço tudo é preciso

Até mesmo a solidão

Como para a mente o riso

É mais uma distração

Do espaço tudo é distante

Até a própria razão

E há uma vil atenuante

Entre a frieza e a imensidão

Estrelas ao meu redor

E de nada já não sinto falta

Reforçao tempo o meu pavor

De ser um só astronauta

Do espaço tudo é silencioso

Até o mais alto pensamento

Como um canto misterioso

Que entrega a alma um lamento

Do espaço tudo é distante

Até o próprio sofrimento

E há uma faísca constante

Quando caio no esquecimento

Estrelas perto de mim

Emolduram a dor que me assalta

Amenizam o meu fim

Enquanto me esquecem, o astronauta

Do espaço tudo é caótico

Até a ordem dos planetas

Como um ser robótico

Entendo o mundo pelas lunetas

Do espaço tudo é distante

Até minhas roupas pretas

E há um luto cortante

Sutis viagens incompletas

Estrelas que me enterram

Numa tela cósmica bem alta

Dão uma redenção e veneram

Um só esquecido e longe astronauta

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 27/05/2023
Código do texto: T7798690
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