CONVERSA
 
Palavras têm laços,
embaraçam e prendem,
dolorosamente me rendem,
quero poder me soltar
e ser livre no espaço,
entregar-me aos teus braços,
onde eu posso sonhar.


Todo dia a cotovia
solta o canto na varanda
enquanto a olho de banda,
não sei bem o que ela quer.
Afinal, eu sou mulher,
como todas, ambivalente,
amo bem suavemente...
sou labareda a queimar.


As palavras geminadas,
andam sempre agarradas,
contam contos, cantam fados,
mostram todos os pecados...
não consigo me livrar.


Talvez você, que me escuta,
não entre nessa disputa,
e possa me perdoar.