você viria, certo?

mais um dia comum e o tudo continua igual, menos eu.

eu estava distraído e preso no trânsito, observando todas aquelas pessoas impacientes com algo tão banal, que mal sentiram quando o terremoto aconteceu.

mais isso me fez pensar: você saiu para beber ontem à noite? ou ficou jogada na sala de estar, relaxando e assistindo à tv?

é, eu sei, que coisa estranha de se pensar numa hora dessas… e não foi bem isso que pensei… ou não tudo. o que pensei de verdade é se você viria até mim.

tipo, se eu estivesse sozinha no mundo, desprotegida, o que você faria?

você viria ou desistiria de mim, como os outros?

se eu estivesse quebrada por dentro, só podendo te oferecer apenas meus pedaços, você caminharia ao meu lado, mais uma vez? ou você me olharia na rua, impaciente como essas pessoas, em alguma esquina da sua vida e riria de mim?

você ainda seria meu abraço preferido ou eu perdi esse lugar?

já faz um ano, acho que descobri como te deixar ir e esperar a nossa comunicação morrer.

eu não me assustei quando o terremoto aconteceu.

eu só pensei na noite em que saímos para beber e fomos tropeçando até a sua casa.

já faz um ano, acho que descobri como pensar em você sem rasgar meu coração.

eu sei, você sabe, nós sabemos… você não queria ficar aqui para sempre e está tudo bem. mas me diga, o que você pretendia fazer com o amor que dizia sentir por mim?

porque você dizia que seu amor era grande demais e esquecê-lo seria mais difícil do que você demonstrou.

me deixe te perguntar: você ainda sente minha falta como deixou implícito tantas vezes?

eu sei, você sabe, nós sabemos… que não fomos feitos um para o outro e está tudo bem.

e eu sei como nós tentamos fazer o encaixe perfeito.

mas se o mundo estivesse acabando, você viria, certo?

você viria e ficaria. me responderia e pegaria a minha mão. me olharia e entenderia.

você viria e passaria a noite.

você me amaria uma última vez?

todas as nossas reservas seriam irrelevantes diante disso.