AINDA
--Ainda--
Ainda que tu não sejas eu; e nunca há ser, sou gente. Os afagos maldosos que tu proclamas, são tuas as marcas que carregas em tuas costas.
Ainda que teu ódio seja, apenas, por minha cor da pele negra, hei de suplantar com a bondade. Teus céus é o inferno de amanhã.
Ainda que eu caminhe em vales da sombra, em caminhos espinhosos feitos por ti, meus passos, minhas pegadas são de harmonia à igualdade.
Ainda que tua puerilidade infame a grilhões, despida da nobreza do amor, sou forte, sou a raça da voz retumbante em brado uníssono.
Ainda que a destreza de teu grito venenoso, dirigido a minha cor; tenho em minha alma o espírito intenso de "humanus". E sempre terei!
Minha voz fala bem alto da estupidez; e denuncia a gente porca: os racistas!
Por que, ainda, tratar com gentileza a quem profere palavras de desprezo sobre mim?
Carlos A. Barbosa.