A mensagem

Um tempo interrompido

Na mensagem surpreendente...

Que se fez bilhete de papel.

A memória deu asas ao passado

Num instante, num retorno de trinta anos,

A um portão frágil pequeno e cúmplice

De uma casa na rua da adolescência

Onde se debruçava menina de óculos

De sorriso sincero, contente...

De riso contagiante...

Já perto do final do século XX

O namoro era assim, no portão,

Com conversas, insinuações

Com toques de mãos, sem beijos

Olhares, apenas olhares, um tanto insinuantes

Despretensiosos ou medrosos

Na rua vazia e segura do entardecer do passado

À meia luz, talvez...

Aqueles encontros nos finais de semana

Esperados por cinco dias de saudade

A vizinhança chamava de namoro

Os colegas chamavam de namoro

Mas só olhos se encontravam

Em sorrisos insinuantes

Nem um só beijo conta aquela história

Era assim o encontro semanal

Dos dois adolescentes que dividiam

A entrada do portão da casa da madrinha

Da menina de óculos e o menino

Que se desencontraram no tempo

Sem cartas, sem marcas

Muito menos as de batom

O arrepio, os olhares

Os risos, as piadas,

Os toques, a taquicardia

Que não ultrapassaram o portão

E nem a distância íntima do suspiro

O tempo passou, como o sorriso com beijo de vento

Luciano Villalba Neto
Enviado por Luciano Villalba Neto em 23/05/2023
Código do texto: T7794982
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