ESCÁRNIO FEBRIL

A razão sempre tem suas razões,

por vezes insanas, por vezes injustas,

por vezes carrascas, por vezes benditas.

São estalos que a vida se desnuda e faz,

cada pétala esgarça os sentidos, desmascara verdades,

dá rasteira nas estruturas mais atrozes, mais trôpegas.

Razão é meio lança-perfume, meio ovelha negra,

meio banho de espuma, meio Rita Lee.

Tem versos mancos que encantam,

tem feridas que nunca fecham de vez,

tem no seu útero o néctar proibido da vida.

Razão é moleca travessa, escárnio febril,

soco no estômago das certezas.

Razão é nonsense a molho pardo,

fagulha brochada da pretensão,

réstia mal dormida da fé.

Na razão desatino meus dias,

reverbero cada quinhão do querer-bem,

revigoro o calafrio pra mais uma jornada.

 

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/05/2023
Reeditado em 22/05/2023
Código do texto: T7794935
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