As palavras

Minha sábia e querida avó

Sempre e sempre me advertia:

As palavras, leva-as o vento.

Grave-as na pedra, portanto,

para que o tempo possa guardá-las.

As ações ficam,

Impressas no coração.

As palavras,

Eternizam-se nas letras,

Que registramos.

Se ditas, perdem-se,

Nos caminhos

Do dizer e do mal-dizer.

No que cada um tenha

A suprimir ou a acrescentar.

Mas reza acautelarnos

Contra nossos próprios escritos.

Porque do passado hão de insurgir-se

Revelando-nos outros eus,

Que não o de agora.

Maria da Glória Perez Delgado Sanches

Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.

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