Para quê?

Para quê?

Para quê parar o tempo se ele tem autonomia?

Se o parasse o momento já nem sequer existia

E então que seria das lágrimas que a vida chora?

Permaneceriam paradas humedecidas no tempo de agora

E as dores caladas adormecidas nos ponteiros?

Que abafadas ficariam tontas e confusas nos seus roteiros

E a desilusão do amor que severamente nos golpeia?

Não daria lugar ao que docemente nos premeia

E a noite escura e pesada não tiraria o luto?

Esquecida da luz pura do sol dourado e resoluto

E o silêncio que se arrastaria pesaroso e emudecido?

Nem uma palavra de alegria para o meu sequioso ouvido

E então eu, enfim, para quê parar dentro de mim?

Se sou borboleta no céu e flor do meu próprio jardim

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 22/05/2023
Código do texto: T7794509
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