Envoltos em dor
Da dor, que se aprende?
E da infelicidade, o que se extrai?
Instantes de pequenas mortes por segundo, ao momento inoportuno,
Dirás que vida não sentes mais -
E pudera, ao mais incansável descrente
A vida sempre há de se auto-flagelar - e você não entenderia.
Entender porquê sofro e como o sofrimento suportar, é tarefa primeira
No existir consciente de duras mazelas.
Em meio às amarras temíveis das cordas de dor que envolvem os corpos
Está uma razão, algo oculto
Uma chave que os olhos não facilmente podem espreitar,
Mas quanto de dor um corpo, uma alma, um homem, pode suportar?
Pois não fácil é saber as razões da dor
Na alma, ela, como notas musicais de claves desconhecidas arma sua sinfônica apresentação
Um concerto sem hora ou data de findar-se.
Vós trazeis a teus corpos todos os dias, Oh humanos, irmãos,
Perguntas e questionamentos sem respostas físicas,
Queres acalento e alívio
E quem não?
A dor está em todos os cantos das casas
Todas as estações
Todas as marés
Em toda morte de flores
Quase todas as feições.
Eu pude ver a dor:
Ela é uma mulher de rosto delicado e mãos alvas, as veias esverdeadas proeminentes
E olheiras abaixo dos olhos
por nada dormir.
Vestes pretas e compridas
Cabelos tão longos que
ao chão se arrastam
Sua voz é o silêncio
De sua mudez nada se extrai
Apenas o som de suas mãos a envolver e abraçar os mortais.
Envoltos em dor
A dor nos faz sentir
Que a vida não vale a pena
Ou que valha demais - que extremos se arraigando aos destroços de sentimentos se fariam mais amigáveis numa terra sem lei.
E aprendereis uma coisa da dor:
Que o infeliz é um reflexo de não pertencer em suma, à um propósito maior, ou desconhecer, ou sabê-lo e pensar que não o poderia nunca, atingir.