A Triste Magia da (I)Liberdade

- Ela é tão livre que um dia será presa.

- Presa por quê?

- Por excesso de liberdade.

- Mas essa liberdade é inocente?

- É. Até mesmo ingênua.

- Então por que a prisão?

- Porque a liberdade ofende.

Clarice Lispector

Liberdade...

Liberdade...

Liberdade???

Ora, a liberdade!!!

Alguns muitos ou todos a conhecem...

Almejam, desejam, ambicionam...

Anseiam, sonham, materializam...

Materializam??? Talvez!!!

Liberdade...

Liberdade...

Liberdade???

Ora, a liberdade!!!

Não faço um brinde à liberdade, pois não a tenho...

Ergo uma taça do vinho mais envinagrado

Para desomenajear a (i)liberdade!!!

Pois a tenho!!! Pois a vivo!!!

Perdoem-me os puritanos das letras.

Mas, hoje quero desoladamente inovar...

Mesmo que para isso

Tenha que me utilizar de neologismos.

Hoje, assim como ontem e, talvez amanhã!

Quero ser um chalaceiro da palavra,

Um zombador da expressão,

Um galhofa a escornar a sua proeminência...

Para mim, a liberdade inexiste!

A mim, a liberdade picou meu calcanho como serpente,

Enquanto que a (i)liberdade se fez de sereia falsamente!

A mim, somente o sarcasmo sobre a letra sobrou!!!

Prefiro troçar em vez de lagrimar...

Procuro ser paisagem, em vez de escárnio.

Ao ver que o encilhado está passando,

Ao notar que a composição passou e não parou!

Ao desouvir que a ficha caiu,

Ou, se caiu quem devia ouvi-la ou vê-la

Não a viu e nem a ouviu...

Ou, fingiu que não viu, e nem ouviu!

Triste realidade...

Angustiante fim...

Amarga constatação!

Estou cada vez mais convicto que vivo na (i)liberdade!

Ausência de autonomia, de iniciativa!

Falta de permissão, de faculdade!

Pobreza de manumissão, de intimidade!

Aflição pródiga...

(I)Liberdade...

(I)Liberdade...

(I)Liberdade???

Ora, a (I)Liberdade!!!

Tristura edificada, desalento encorpado...

Desesperança implantada, infortúnio consolidado...

Luto anunciado,

Mortificação decretada!

(I)Liberdade...

(I)Liberdade...

(I)Liberdade???

Ora, a (I)Liberdade!!!

Amor desestimado, convenções oportunizadas...

Desculpas maltrapidas, injustificativas empoadas,

Ocasionadas pela descrença a mim creditada...

Proporcionadas pela paixão a mim irrespondida!

Disse me um dia um falante das ruas,

Que os pingos, para bom entendedor são letras.

Não procuro um bom entendedor, nem uma boa entendedora...

Procuro “a entendedora”.

Pessoa dizia que “o poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor”

Bem, eu não sou poeta, sou escrevinhador...

Por isso, digo com clareza e sinceridade:

Não sou um fingidor!

Espero que essa “entendedora” consiga ler

E acreditar nos pingos de minhas letras.

Se não, sucumbido pelo mal conformismo, me restará pensar:

Aqui jaz o carinho, aqui jaz a alegria...

Aqui jaz a vontade de ser feliz!

Porque eu agora vivo definitivamente liberto à (i)liberdade!

GBertolucciJr – em 30/04/2022

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GBertolucciJr
Enviado por GBertolucciJr em 21/05/2023
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