Eu nasci
Me vendo ali indefeso e calado
Num mundo de luz e trevas
Me falta o ar
E é a primeira vez que mãos alheias me batem para a vida
Eu sou uma máquina
É um espaço de tempo
Um curto espaço de tempo
Que em prantos e gritos ressoa minha voz
Num idioma em que irá se transformar
Em pedidos, reclamações e agradecimentos
Eu sou uma máquina
E nesse colo que me acalenta e me nutri
Vou crescendo e sendo educado
A talvez poder acreditar
Que no fundo no fundo
Eu sou uma máquina
Num trilho de ida sem volta
Sem voltas e sem borracha