MUDANÇA DE ESTADO

Ah! Que me viesse o amor agora...

O amor que arde e dói,

Diferente dos versos do poeta;

Um amor de carne e osso

Do qual ouço falar

E quando vejo,

Paro o olhar...

Ah! Que me venha o amor...

Aquele que nasce por trás da montanha,

Que estranha, assanha e entranha,

E conduz, e reluz

E seduz.

Leva ao leito

Um peito de pedra

Que se quebra

E muda o estado:

Dá matéria frágil

Àquela dureza do tempo

Esculpida no cristal.