ROTINA URBANA
Não importa o pálido riso parido
entre um café e um suspiro
ou a piada cretina cuspida
entre o vão e a plataforma
na estação de metrô.
Nada importa.
A vida é triste e sem sentido
e isso não vai mudar.
Agora o que importa
é jogar o lixo fora
antes das oito horas
quando o lixeiro irá passar.
Não tenho qualquer motivo
para seguir em frente,
razão alguma para ser feliz,
enfrentar o tempo presente
ou lutar contra a sorte
apertado em um vagão de trem de subúrbio.
Mesmo assim, como quase todo mundo, sobrevivo, apesar de tudo.