Alguma coisa...

Estamos sempre buscando alguma coisa ...

"alguma coisa

acontece

em meu coração,

quando rondo esta cidade",

sob as mais obscuras

luzes e nuvens.

parece

um retrato abstrato

de uma fonte irreal

da minha pobre mente.

queria

ser e ver diferente.

mas não.

não.

será,

serei ou estive

em algum delírio.

alguma coisa

deixa de acontecer,

quando

eu não rondo esta cidade.

fico vazio,

vazio, oco,

sem recheio,

com um medo,

medo louco,

incógnito, tônico.

sou um frouxo,

não, talvez não.

apenas mais um neurótico

em busca

de respostas perdidas.

ou será, estúpidas?

não, não pode ir

e ficar assim.

em algum lugar

essa neurose

tem que acabar.

alguma coisa

está para acontecer

em uma dessas rondas

pela cidade.

fico de antena,

tipo supeito

e meio sem jeito quando viro

em uma dessas ruas quaisquer

e me deparo

com um vulto

meio estranho.

que coisa ridícula...

é irreal,

só pode ser.

um cara passa

por uma vida,

mesmo que curta,

e em determinado momento

vê que tudo

que ou aquilo em que

acreditava,

ou até pensava

que acreditava,

é furado.

quanta bobagem.

você então,

pára,

e começa a escrever,

escrever, escrever,

feito um alucinado,

se alienando

do resto do mundo,

tentando assim

mostrar alguma coisa

de útil.

abarca tantos assuntos,

tantos detalhes,

entre outras tantas coisas

absurdas.

desnuda

tantos caminhos,

vinhos, ninhos,

trilhos, advinhos,

sem saber

onde parar.

esse tempo

passa batido,

feito a volta do ponteiro,

tímido e triste,

para nunca mais.

nunca mais.

é, talvez

nada mais aconteça

em meu coração,

quando estiver

rondando por esta cidade.

talvez,

seja chegada a hora,

de me fechar,

feito casulo,

de calar

minha mão,

meu sentido,

tato

e o que mais tiver.

sim,

é a paranóia geral,

exarcebada

por todos os poros

do meu eu.

transmutando-se

em uma síndrome

apocalíptica,

e sei lá mais o que.

alguma coisa...

talvez,

nem cheguemos a isso.

Toda vez que chegamos a alguma lugar, pensado, querido, desejado, e observamos que não era bem aquilo, ou que está oferecendo bem menos do que tanto imaginávamos, sentimos um certo gosto acre na boca. Ficamos em uma encruzilhada sem saber se o que realmente queremos é aquilo, ou se aquilo que queremos está acima das expectativas, e que o normal é o está sendo oferecido. Extrapolar os desejos sempre fez parte da nossa racional irracionalidade. Racionalizar os desejos, sempre proporcionou um “quê” de objetivo não totalmente realizado. Talvez, o nosso conformismo padrão venha prevalecer, incontido por antigos dogmas, em detrimento do nosso inconformismo latente.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 25/03/2005
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