Única Cura
Ao longo do caminho,
Fui perdendo meus pedaços ...
Alguns foram doados,
Outros foram roubados
E há os que foram deixados para trás!
Será que de fato perdi?
Em verdade, não os quero mais!
Nenhum deles me faz falta !
A verdade aos olhos salta:
Eu os perdi, mas venci!
Porque novos pedaços nasceram
Mais fortes, mais intensos, mais belos...
Livrei-me das torturas, dos flagelos!
E as velhas culpas e medos morreram...
Encaixei os novos pedaços
Aos antigos que sobraram
E joguei fora os cacos dos cacos,
Que, por pouco, não me soterraram.
Sigo colhendo palavras
Como quem colhe flores...
Aqui e ali me furando nos espinhos
E revivendo antigas dores,
Que na alma deixaram marcas...
Como a linha no linho.
Mas... há sempre um novo dia...
E ... ainda que demore...
Há algo que em mim não morre:
A minha única cura... a Poesia!
Interação sensível do brilhante poeta Netokof:
Os pedaços que de mim
Foram um dia roubados
Voltaram amalgamados
Mas também descolados
Uni-os com a amálgama
Que cuidava ser mais forte
Mas foi como juntar
O vento sul e o vento norte
Nas asas da esperança
Voo sempre, dia a dia
Sem música nem dança
Apenas poesia...