NIILISMO & LIBERDADE

Liberdade é não estar preso a nada,

nem mesmo ao efeito da palavra liberdade.

É desconstruir toda línguagem

construindo distâncias.

Seja em relação a si mesmo,

aos outros, a vida, ao tempo,

a verdade, aos aplausos,

aos silêncios,

ao momento e a todos os lugares

que um dia provaram

a incerteza

dos meus pés descalços e desaparecimentos.

Liberdade é não acreditar em nada,

é desmobilizar -se,

desmoralizar -se,

desterritoriarizar-se,

desconfiar de tudo,

desvelando a arte como uma arcana

forma de nada, ilusão e morte.

É nunca ter sorte.

Liberdade é acontecer na preguiça,

no sono, na ausência absoluta.

Surpreender-se em solitário e anônimo protesto contra tudo que existe,

que não existe,

até desaparecer

na imanente metafísica do informe,

do esquizóide, do nada de qualquer fim de tarde.