RETRATO SINCERO DE UMA ÉPOCA
Tudo que temos hoje
é uma vida morna
em uma sociedade morta.
Seguimos mansos,
entre o certo e o errado,
o trabalho e o tédio
enterrados em dividas,
aprisionados por obrigações
quase infinitas
em tempos de fé,
escravidão e autoritarismos.
Afinal, deixamos levarem nosso desejo
em troca de um naco de pão,
abrigo e uns míseros trocados.
Agora, seguimos perplexos, disciplinados, desesperançados
e, principalmente, cansados de tudo.
Seguimos despidos de qualquer futuro
em corpos e entre corpos que pouco pedem ou podem.
Tudo que temos hoje
é menos que nada.
Justamente, por isso,
nada mais temos a perder.
É hora de uma nova revolta
finalmente nascer.