As saudades tuas

As saudades

Tuas

Em comoção

Vivem

Tão nuas

Nas palmas

Da mão

Que até se chamam

Solidão

São minhas

Puras

Preenchem

Os dedos

Das almas

Nas estradas

Venosas

Caladas

Em pulsação

Vivem também

Ardilosas

Nos espaços

Entre eles

Que de tão vazios

Dão abraços

Frios

De gelo

Ao quente

Abrigo de aconchego

Do coração

Porque me consomem

Sufocam

Na hesitação

Degladiam-se

Com a razão

Se tu nem as tens

Nem sequer

Me procuras?

Não entendo não

Sabes

Tenho essas saudades

Essas loucuras

De quando em vez

Nas horas dos porquês

Nos delírios da ilusão

Que me clareiam

A escuridão

Então

Escreve só para mim

Um poema

Uma canção

Para que te sinta

Antes que o sentimento

Escorra

Pelos dedos

Do amor

E dos nossos segredos

Em atilhos

E desmaie

Nestes desassossegos

Nos ladrilhos

Do chão!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 13/05/2023
Código do texto: T7787461
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