As saudades tuas
As saudades
Tuas
Em comoção
Vivem
Tão nuas
Nas palmas
Da mão
Que até se chamam
Solidão
São minhas
Puras
Preenchem
Os dedos
Das almas
Nas estradas
Venosas
Caladas
Em pulsação
Vivem também
Ardilosas
Nos espaços
Entre eles
Que de tão vazios
Dão abraços
Frios
De gelo
Ao quente
Abrigo de aconchego
Do coração
Porque me consomem
Sufocam
Na hesitação
Degladiam-se
Com a razão
Se tu nem as tens
Nem sequer
Me procuras?
Não entendo não
Sabes
Tenho essas saudades
Essas loucuras
De quando em vez
Nas horas dos porquês
Nos delírios da ilusão
Que me clareiam
A escuridão
Então
Escreve só para mim
Um poema
Uma canção
Para que te sinta
Antes que o sentimento
Escorra
Pelos dedos
Do amor
E dos nossos segredos
Em atilhos
E desmaie
Nestes desassossegos
Nos ladrilhos
Do chão!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal