Pela manhã
Pela manhã
Corre o dia pelas estradas caladas que vislumbro
Ruídos ao longe de quem dos nadas faz andar o mundo
Caminhos diluídos nos meus olhos perdidos desfocados
Tons cinza poluídos que descansam nos telhados
O parapeito da janela é o berço perfeito para suporte
Uma luz singela espreita com um pouco de sorte
Os cabelos despenteados são travesseiros denunciados
De quem ainda acorda sonolenta com os sonhos bem sonhados
A ausência de mim acaba por inevitávelmente me procurar
Nada se passa enfim, resta apenas o olhar dentro do meu olhar
E assim eu fujo numa distraída vivência como se me fosse indiferente
Perdida no sentimento com os olhos pousados no céu tão somente
Olhando no vazio vou vendo o que a vida me traz
E mesmo que não traga já sou feliz com este vento de paz!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal