Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta
Por trás dos ermos túmulos, um dia
Eu fui refugiar - me à tua porta
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta
Mas tu não vieste ver minha desgraça
E eu saí, como quem tudo repele
Velho caixão a carregar destroços
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos
(Augusto dos Anjos)