Eco das ancestrais

Sob as frestas da janela da minha alma

Ouço um grito, sussurrado

Como assovio do vento, vindo do sul

dizendo-me palavras,inauditas

apelos ancestrais de justificação.

Penso na primeira ancestral

Que veio ao Brasil sem direitos

Traficada sob uma égide, sem moral

Reduzindo-a à um objeto

Sem inteligencia,sem alma.

Penso nas vezes que olhava o céu

Sem compreender sua situação

pedindo ao universo um pretexto, razão,

respostas para abrandar a agonia

e continuar lutando,dia-a-dia

Quais sonhos ela detinha?

Imaginava o mundo como imensidão?

Ou apenas a existência da sua lida?

Será que sonhava em viajar?

percorrer o mundo como uma andorinha?

Penso nas outras mulheres

Que vieram antes de mim

Que não puderam realizar os seus sonhos

Por causa da régua da sociedade,machista

que sufoca gerações femininas.

Penso que minha ansiedade

Vem do desejo de justificação

dessas mulheres que não foram ouvidas.

Que não puderam sonhar além,

do plano de ter uma familia.

Tidas como frágeis, histéricas, inconsistentes.

Espero que consiga, ao menos

orgulhar essas parentes distantes

oferecer minhas conquistas, simples

como sacrificio diante, da história

lhes dando paz e descanso.

Viviane maria
Enviado por Viviane maria em 10/05/2023
Reeditado em 30/06/2023
Código do texto: T7784828
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