Nas tardes que se alongam
Nas tardes que se alongam
Sobre os muros da cidade
Muro rude de prédios
Que não se importam
Com o vergar do horizonte
Pessoas em desalinho
Vão pensando onde achar
A pequena chama
Que os leve além
Do casulo pegajoso
Das mercadorias voláteis
Pensam em sair e voltar
Sempre ao mesmo lugar
Cada vez mais curvadas
Até que um dia
O desassossego as traga
E joga na vala comum
Para onde vão todos
Depois de servirem com sangue
Ao deus insaciável
A que chamam capital