As marcas do tempo
As marcas do tempo
Vivemos as rugas desenhadas
Pelo tempo das cinzentas madrugadas
Pelas noites de estrelas sonolentas
Caídas nas janelas em estradas
Abraçadas a chuvas de águas lentas
Dilúvios de lágrimas nos beirais dos telhados
Nuvens que caiem nos azulados oceanos
Invernos sucessivos de momentos sentimentais intervalados
Em dias curativos das dores e danos
Iguais, repetitivos e descompassados
Tantos poentes desencontrados dos mares
Quando os olhos lentos passeavam nos seus vagares
Dias quentes que vagueavam na pele despida
Em carícias felizes solares
De brisas perfumadas numa face esculpida
Amores tatuados em chamas vibrantes
Que feriram a pele com queimaduras e cicatrizes
Fogueiras de paixão e ternuras flamejantes
Apagadas por ventos turbulentos de instantes
De sentimentos outrora felizes
A linha do tempo é certamente por nós pintada
A sós pela cor que gostamos neste imaginário traçado
O passado é apenas uma folha solitária rasgada
Perdida e enlaçada nos ponteiros do tempo da saudade
Que seguem em frente alegremente pelos trilhos da desejada felicidade
Luísa Rafael
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Porto, Portugal