Aqui tão só de ti
Aqui tão só de ti
São verdes e salpicados de cor estes floridos campos
Rasgados pela seiva dos cansaços e sentidos brandos
Vestem os olhos com a calmia que por ali se espalha e abunda
Entre raízes de abraços escondidos na monotonia da terra profunda
Corre uma ventania quente que não é tua nem é minha
Por entre o relvado irreverente que docemente desalinha
Uma saudade de quem espera ainda uma linda e amorosa chegada
Mas é vento que sopra em liberdade e mais nada
Vou lendo um livro à beira de uma árvore frondosa isolada
Cedendo ao tempo que por mim passa com uma sombra calada
Olho para o movimento que simplesmente de mim se esqueceu
Mas o meu sentimento por ti lentamente o vento te deu
E vou perguntando ao silêncio que esconde o que não vivi
A ver se me responde o que sabe de ti
Luísa Rafael
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Porto, Portugal