Um elo disperso
Há um ponto luminoso brilhando distante de uma janela aberta para o tempo.
Esse foco de luz insiste em banhar me deixando marcas e sonhos vividos e adormecidos no ontem.
Vou rodopiando como esfera cristalina por entre os brancos e macios lençóis de nuvens repousando sem pressa nesses caminhos pausados sem medo de chegar.
Vou armar minha gangorra no alto das estrelas e deixar sapatos caírem por entre as colunas do orvalho da noite onde sorrirei como criança diante da festa do alvorecer.
Essa viagem me levará a uma desconexão destemida, corajosa de um sistema piegas e opressor.
Triunfarei diante do rompimento dessas amarras que amordaçaram indevidamente passeios livres de garças fazendo a festa da vida no meio da chuva.
Ao desatar esse cinturão voarei livre como fazem os pássaros em manhãs de primavera.