Por entre as flores
Por entre as flores
Vou contando com a mão as flores esquecidas uma a uma
Por entre a vegetação perdidas até que não fique nenhuma
Deixando o tempo fugidio abrir caminho entre elas
Preenchendo o meu vazio na aspereza das vielas
Pousam os meus olhos na natureza e na dura nudez da solidão
Olho para trás e o que vejo seja talvez uma pura e lenta vastidão
Verdes são os campos da paixão descobertos para mim
Também com recantos de evasão que tanto gosto enfim
Mas só as flores afinal é que me fazem companhia
Dão-me cores para a alma e o silêncio em sintonia
São desertos pintados de amores que até são do meu agrado
Com pétalas de versos debruadas pelas linhas do fado
Ai, se as flores ouvissem a quem eu chamo para dentro
Talvez se entregassem para ramo enlaçado de amores em sentimento
Luísa Rafael
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Porto, Portugal