SEU CALDERÃO ERA UMA LATA
Fogo de lenha no chão
Entre duas pedras firmadas,
Como se fosse um fogão,
A margem d'uma calçada.
Fogo de lenha no chão,
Lenha tirada da mata,
Fazia a sua refeição
A pobre negra Chibata.
Seu caldeirão — uma lata,
Preta da cor de carvão,
E preta também Chibata,
Pobre mulher do sertão.
Dentro da lata — o que tinha?
Dentro da lata — feijão?
Dentro da lata — galinha?
Ou somente uma ilusão?
A vida não lhe foi pacata,
A vida não lhe foi passeio,
Foi como um golpe de faca
Que lhe partiu pelo meio!
Lutando com todas as forças
Contra o desprezo iracundo,
Contra as misérias da vida,
Para escapar neste mundo.
— Antonio Costta