Enquanto a chaleira não chia
Eu queria desvendar o segredo
De gravar os versos que não te fiz,
De sentir o gosto do teu batom
Nas palavras que não se diz.
Consumir o oxigênio ardente
Da tua boca que não beijei
Provocar o rubor pálido
Na ponta aguda do teu nariz.
Procurei os alquimistas. Otimista
Com suas fórmulas universais...
Vieram os druidas e seus caldeirões
De poções mágicas e segredos vegetais.
Vieram até as bruxas do amor
(no meu poema há bruxas, não deusas)
E suas verdades quânticas...
Nada me revelaram e ainda surrupiaram cem!
E os versos que não te fiz,
As palavras que não te falei,
O beijo que não te dei,
O rubor pálido de teu nariz
Foram arrastados pela enxurrada
Das lágrimas que não chorei.