POETA BOM É POETA MORTO

 

Não nasci poeta

me fiz poeta um arremedo de poeta

sou um arrumador de palavras

no exercício livre

da arcaica poesia popular

poesia essa ignorada,

depreciada.

Declarar-se poeta

é algo de insano,

e dai?

Gosto de fazer o que gosto

mesmo sendo a poesia inútil

na avaliação de muitos

invendável

ultrapassada

não lida

engavetada

pouco me importa.

A insensibilidade decretou

o fim do ramantismo

o fim da utopia

dos amores platônicos

os sonhos sumiram

as musas se foram

a poesia agoniza

o poeta também

caiu no ostracismo.

Poeta querido

lembrado

exaltado

chorado

Poeta bom

é poeta morto.

 

Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)