Um poema rude
Não quero me perder
novamente
pensando num retorno
num momento de transe
de catarse
no meio do desencanto,
das minhas madrugadas.
De manhã
talvez,
eu acorde apenas
pra abrir a janela
e ver o sol nascer,
da puta que pariu.
e para rasgar as cortinas
e cobrir o buraco
que você abriu,
dentro de mim.
Encho um copo
de café frio,
como veneno
e jogo a poesia
ralo a dentro.
"Foi mal, meu bem..." eu penso.
Talvez o teu desinteresse
seja culpa minha,
como sempre
ou só mais uma forma original
de finalizar
uma história ruim.
Talvez eu vá morrer
segunda feira,
e ressuscitar
na sexta
virado ao avesso
juntando os meus pedaços
enquanto você se perde
em outros braços,
fingindo plenitude.
Mas enfim,
me resumo
aos sussurros,
deste poema rude
como últimas palavras,
de quem está sozinho
e cansado,
de pensar.