Soneto XXXI
Corta-te o pulso que só sai veneno
Daquele veneno de pior qualidade
Veneno este de um coração covarde
Corta-te o pulso e vai vendo.
Corre em tuas veias o veneno falso
O que não mata, é temporário, só sofre
Mal serve pra alimentar a morte nobre
Pisa-te em espinhos com o pé descalço.
Corta-te o pulso que não sai coisa nenhuma
Faz de tua vida a pior desgraça
Vive de teu rosto apenas, no mais, em suma:
Corta-te o pulso, nada mais que se faça
Pra traçar teu caminho, não adianta coisa alguma
Deixa que a morte nobre mesmo traça.