À TOA
Estou à toa
sou à-toa
numa boa
sem meias verdades
grandes mentiras
no meu surrado jeans
odeio calça vincada
palavra empenhada
sou bicho rebelde
das causas perdidas
vadiando nas praças
mijando nos becos
nos becos da vida
sem passado
sem presente
sem futuro
de cara no muro
caçador solitário
achacando meretrizes
nos prostíbulos do cais
tuberculosas, enrugadas
coxas flácidas
viciadas, cansadas
sucumbo ante o destino.
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Porto Alegre 1974