A ÚLTIMA CEIA

Que me desculpem os ausentes

mas não vou ao meu último jantar

Podem comer sozinhos

fiquem bem à vontade

façam de conta que estou

presente na cadeira vazia

a que estou reservado me sentar

Não me esperem pontualidades

agendas, obrigações ou compromissos

pois não sou de olhar em relógios

as agulhas do tempo passar

nem faço promessas ao destino

que sequer sei em qual esquina

vou a contragosto por fim encontrar

Por favor não fiquem chateados

com esse meu eventual desaparecimento

reconheço que não fui assim educado

mas ele será tão somente breve e temporário

e por enquanto me entendam

que não estou com nenhuma fome

ou com a mínima vontade e anseio

de junto com vocês logo cear

Que fiquemos então assim combinados

quando quiser noturnal e mais adiante

de eternidade me empanturrar

vou ao rol dos meus sumidos

e a todos vocês irei convidar

Porém

por agora e no momento

apenas me deixam aqui no meu canto sossegado

banqueteando-me desacompanhado com as memórias

que sei que em alguma mesa irei reaver e reencontrar

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 02/05/2023
Reeditado em 02/05/2023
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