COTIDIANO
Eu posso falar sobre isso
Sobre as estradas sobre as noites
Sobre os desejos que me puseram acordado
Sobre as ausências que me conduziram
Eu posso falar sobre isso
Pela experiência com ausências
Ausências também são mãos condutoras
E abrem os caminhos como facões
E aram percepções como enxadas
Eu posso falar sobre isso
Sobre a mente que planeja
O mais brilhante discurso
E as mãos que se movem certeiras
E as palmas e as reverências
E no momento da prova de fogo
Da voz que estremece das mãos que suam
Eu posso falar sobre isso
Sobre como a estrada é quem tece o caminhante
Sobre como o desejo enfeitiça o errante
Sobre como o grito que entala na garganta
Como um osso como haste
como um dedo em riste
Como espada
É o que amortece os enganos
E facilita a digestão