COTIDIANO

Eu posso falar sobre isso

Sobre as estradas sobre as noites

Sobre os desejos que me puseram acordado

Sobre as ausências que me conduziram

Eu posso falar sobre isso

Pela experiência com ausências

Ausências também são mãos condutoras

E abrem os caminhos como facões

E aram percepções como enxadas

Eu posso falar sobre isso

Sobre a mente que planeja

O mais brilhante discurso

E as mãos que se movem certeiras

E as palmas e as reverências

E no momento da prova de fogo

Da voz que estremece das mãos que suam

Eu posso falar sobre isso

Sobre como a estrada é quem tece o caminhante

Sobre como o desejo enfeitiça o errante

Sobre como o grito que entala na garganta

Como um osso como haste

como um dedo em riste

Como espada

É o que amortece os enganos

E facilita a digestão

Guillherme Sotero
Enviado por Guillherme Sotero em 01/05/2023
Código do texto: T7777080
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