O corvo

O corvo

Ó corvo das plumas vadias que me rodeias

Não venhas com o azar das bruxarias feiticeiras

Tu sabes que não me arrepias com as tuas sombras negras

Nem com os gritos arranhados das vozes que entregas

Não tenho medo da tua maldade nem presságio

Dessa cor enlutada que é teu apanágio

Um breu manchado num voo agoirento

Suspenso no céu pelas asas ao vento

Eu até gosto desse teu preto azedume

Que me veste o corpo nu com a plumagem do queixume

Trazes também a aragem em turbulência do mau olhado

Numa irreverência e atrevimento de quem pousa cansado

Mas diz ao meu ouvido agora quem te enviou enfim

Eu que tenho nariz empinado e sou senhora de mim

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 30/04/2023
Código do texto: T7776397
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