Só nós dois
Só nós dois
O meu corpo despido na ternura do teu
A brisa da noite pela janela estrelada do céu
A alvura da pele calada que de repente é tua
A alma lentamente se entrega docemente nua
A seda dos teus beijos nos vales das montanhas
Numa labareda de desejos e suspiros das entranhas
As colinas de lavanda que perfumam o peito
Onde escorrega a mão branda nas rugas do leito
O cheiro que o amor liberta já nem sequer é meu
No enleio da pele deserta é suor que se ofereceu
As flores do nosso hálito no calor dos canteiros
Regadas pela chuva em alegres aguaceiros
E na entrega de um ao outro só nós dois é que sabemos
O que o vento louco depois leva não foi mais do que fizemos
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal