AS NOITES ASSALTADAS AGONIZAM
'Não te lembras da noite homicida...'
Gonçalves Dias
As noites assaltadas agonizam
Em choques fluorescentes e enxaquecas
De matinês em cines que reprisam
Drama elisabetano de bonecas
E o frio é uma presença sem requintes
A persona non grata e seus acintes
Nas calçadas transeuntes mal deslizam
Feito fantasma em velhas bibliotecas
Alheios tanto ao chão que quase pisam
Quanto a apetites de deuses astecas
Picanhas e bistecas são requinte
Promessa entre os insultos e os acintes
Se as vitrines conspiram e há calçadas
Austeras pelas trevas mais obscenas
É que agonizam noites assaltadas
Em choques por pianolas, por antenas
De mil escalpelados domos místicos
Com seus frontões, com seus brasões, seus dísticos
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